domingo, junho 26, 2005

I - Um conto em três partes...

Estava uma linda manhã de Inverno. O Sol brilhava sem conseguir afastar o frio intenso. Aqueles dias eram os seus preferidos e Catarina gostava de vaguear pelos locais onde as pessoas se aglomeravam para desfrutar desses raios de Sol de Novembro. Observava atentamente as inúmeras pessoas que passeavam pelo parque. Com a máquina fotográfica na mão, procurava algo interessante para fotografar. A sua primeira exposição estava para breve e ainda não tinha material suficiente.

A uns metros de distância, quatro homens jogavam basquetebol. Os movimentos dos corpos musculados eram rápidos e elegantes. Catarina começou imediatamente a fotografar. Um deles parecia ser um pouco mais velho, mais de trinta anos, provavelmente. Era alto e bem constituído. No entanto, o que lhe chamou a atenção foram os seus braços cobertos de tatuagens. Com a sua potente objectiva, seguiu atenta, todos os gestos do desconhecido. Para um homem alto, movia-se com elegância, quase como um felino.

Catarina verificou que as tatuagens cobriam toda a extensão de ambos os braços e ficou curiosa. Interrogou-se quanto a outras possíveis tatuagens, em outras partes do corpo. Quando o jogo amigável terminou, dirigiu-se decidida, para o desconhecido.

- Bom dia. Desculpa a intromissão mas estava observar-vos e queria falar contigo.
O estranho olhou-a de cima a baixo, com um rasgo de curiosidade nos olhos verdes.
Em poucas palavras, Catarina explicou-lhe que era fotógrafa profissional. Depois de contar-lhe sobre a exposição, pediu-lhe que posasse para ela. Ficou um pouco ansiosa pela resposta, normalmente não teria a ousadia de fazer uma abordagem dessas mas estava a ficar desesperada.

No início, a única reacção de Fernando foi uma sonora gargalhada. Não estava interessado e tinha sido apanhado de surpresa. Mesmo assim, o olhar dele mostrava-lhe que tinha ficado curioso. Catarina tentou mais uma vez, reafirmando que não o estava a tentar engatar. Era uma profissional séria e essa era uma proposta de negócios para o qual ele seria correctamente remunerado. Ao ouvir falar em dinheiro, Fernando ergueu uma sobrancelha, como se aquela observação o tivesse ofendido. Surgiu uma tensão entre os dois que Catarina não compreendeu. No entanto, pensou que conseguia boas fotografias e isso é que interessava. Deixou o orgulho de lado e tentou desfazer a dúvida que via nos olhos verdes. Nunca soube o que foi que o convenceu, se a sua eloquência se o facto de ser uma mulher atraente. Catarina ficou satisfeita quando conseguiu persuadi-lo e combinaram encontrar-se no estúdio dela, nesse mesmo dia.

Catarina preparou o cenário, para que ficasse agradável e muito simples. A sua atenção estaria concentrada naquele corpo escultural e tudo o resto servia apenas para deixá-lo mais à vontade. Não ficou desiludida. Fernando tinha imensas tatuagens espalhadas por todo o corpo. Contou-lhe que fez a primeira aos 15 anos e que nunca mais parou. Algumas eram verdadeiras obras de arte e Catarina fotografava fascinada...

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